Um grupo de cientistas dos Estados Unidos diz que repetiu sua proeza energética histórica: uma reação de fusão nuclear que produz mais energia do que é colocada nela. Mas, desta vez, eles afirmam que o experimento produziu um rendimento de energia ainda maior do que o realizado em dezembro, que chamou a atenção internacional por dar um grande passo em direção ao objetivo de produzir energia por meio da fusão.
Leia mais
Essa segunda conquista dos pesquisadores do Laboratório Nacional de Lawrence Livermore, na Califórnia, é outro passo crucial, embora em uma jornada que ainda pode levar décadas para ser concluída, na busca por uma fonte ilimitada de energia barata e limpa. O esforço bem-sucedido foi inicialmente relatado pelo Financial Times no domingo, 6.
“A análise desses resultados está em andamento, mas podemos confirmar que o experimento produziu um rendimento maior do que o teste de dezembro”, disse Paul Rhien, porta-voz do laboratório federal, em um comunicado por e-mail. O laboratório “não discutirá mais detalhes” do experimento de julho até que mais análises sejam realizadas. No entanto, a equipe planeja “compartilhar os resultados em conferências científicas e publicações revisadas por pares como parte de nosso processo normal de comunicação de resultados científicos”.
No momento, usinas nucleares usam fissão, que cria energia dividindo os átomos, a mesma ciência no centro do atual sucesso dos cinemas “Oppenheimer”. Embora a energia nuclear produza abundante energia limpa, ela sempre levantou preocupações com a segurança, embora esteja recebendo atenção renovada diante do esforço internacional para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e desacelerar o aquecimento global.
Por outro lado, a fusão cria energia fundindo átomos. Há muito tempo é um sonho porque poderia criar energia limpa ilimitada sem os subprodutos radioativos da energia nuclear ou o risco de fusão nuclear. Além disso, o combustível para fazer a fusão acontecer são simplesmente átomos pesados de hidrogênio, que podem ser encontrados em algo que a Terra tem em abundância: água do mar. Não é necessária a mineração de urânio.
Pesquisadores já produziram reações de fusão antes, mas levou mais energia para causar a reação do que eles conseguiram recuperar. A coisa chave sobre esses últimos dois experimentos é que eles recuperam mais energia do que investiram para criar a reação. Essa eficiência tem sido o cobiçado Santo Graal da pesquisa de fusão. (Ainda assim, ela é limitada no sentido de que eles estão considerando a quantidade de energia necessária para alimentar os lasers que foram usados para juntar os átomos de hidrogênio, não a energia necessária para fazer todo o projeto funcionar.)
A Casa Branca elogiou o trabalho na época do primeiro avanço em dezembro. “Este é um exemplo maravilhoso de uma possibilidade realizada, um marco científico alcançado e um caminho a seguir para as possibilidades de energia limpa”, disse Arati Prabhakar, conselheira científica da Casa Branca, durante uma coletiva de imprensa.
Ainda assim, os cientistas estão longe de usar a energia produzida pela fusão. Os pesquisadores só podem criar uma reação de fusão cerca de uma vez por dia, porque precisam deixar os lasers esfriarem e substituir o alvo do combustível. Mas uma usina de fusão comercialmente viável precisaria ser capaz de fazê-lo várias vezes por segundo, como disse Dennis Whyte, diretor do Centro de Ciência de Plasma e Fusão do MIT, anteriormente ao Washington Post. “Uma vez que você tenha viabilidade científica”, disse ele, “você precisa descobrir a viabilidade técnica”./WP Bloomberg
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.